segunda-feira, 25 de março de 2013

Maçonaria e Satanismo

Maçonaria – As Primeiras Condenações

Dando sequência aos Posts, vamos falar hoje dos primeiros conflitos da Maçonaria após a Fundação da Maçonaria Moderna.

                                                                   


Curiosamente, esses primeiros conflitos não foram com as instituições religiosas, mas sim com os Estados.
No entanto, não se trataram de conflitos que envolviam uma nação contra uma Maçonaria que tinha controle do mundo. Na verdade, diferente do que muitos pensam, passou bem longe disso.
Em virtude disso é importante entendermos, antes de prosseguir, que a Maçonaria não era uma Ordem que controlava os rumos da humanidade. Muito pelo contrário, ainda era uma Ordem que acabava de ganhar sua primeira estrutura.
Devido aos muitos mitos que tratam de uma suposta antiguidade da Maçonaria, é difícil para muitos (Maçons e Não-Maçons) entender que a Ordem, no século XVIII (pós 1717, data de fundação da Grande Loja) não era uma organização mundial que governava os rumos da Humanidade.
Antes disso, ela tinha uma estrutura diferente, cujo foco era a construção em si (como vimos no Post “Maçonaria – Os Construtores Medievais”). Após a fundação da Primeira Grande Loja, existiam ainda muitas outras Lojas Operativas (e que continuaram a existir por um bom tempo).
Devido a essa pequena estrutura, que começava a consolidar um “poder central”, era natural que seu crescimento dependesse um pouco dos locais em que as Lojas pretendiam se localizar.
Dessa forma, quando uma Loja surgia, era apenas uma Loja com seus membros. Ou seja, qualquer conflito na cidade em que ela estava localizada já poderia se tornar um grande problema, afinal, não estamos falando de uma estrutura como a da Igreja Católica, que era absurdamente enorme, quando comparado a essa estrutura Maçônica. Estamos falando dessa estrutura bem menor. Pode ser até estranho para aqueles que pensavam na Maçonaria como uma Ordem que vem dominando o mundo desde o início da humanidade, mas essa é a verdade.
Inclusive, quando digo essas coisas sempre tem alguém me perguntando: “Então você resume a Maçonaria a um grupo social simples e sem nenhuma importância? Então a Ordem não teve atuação em nada do que dizem por aí?”
Aproveito para responder que “NÃO”.
A história da Maçonaria é muito rica. Ela teve uma importância enorme em vários movimentos no mundo. Teve influência em movimentos e questões Sociais, Ideológicas/Revolucionárias e até Espirituais (já que tivemos movimentos e Ordens Iniciáticas fundadas por Maçons dos quais alguns acreditavam que a Maçonaria não estava cumprindo o seu papel espiritual).
Além do mais, sua filosofia é belíssima e riquíssima. Ao estudar a Filosofia Maçônica, contida nos Ritos Maçônicos, temos um aprendizado praticamente imensurável e que verdadeiramente permite um conhecimento muito amplo para aquele que está disposto a estudar e tem a mente aberta.
Por fim, ainda existe a questão do Misticismo, para aqueles que se interessam por isso. Eu sei que em posts anteriores eu já deixei bem claro que as questões místico/ocultistas são interpretações do Maçom que enxerga os símbolos, a filosofia e a ritualística da Ordem, nesse sentido. Porém, para os que são assim, a maçonaria tem mais esse caminho para ser explorado.
E eu poderia falar muito mais do que isso, mas acho que já é suficiente. A “história milenar da maçonaria”, como também já foi dito em outros posts, trata-se de “tradição” (e que nem por isso deve ser deixada de lado). Mas enfim!

                                   Onde Começou…

 

Logo nos primeiros anos, a Ordem começou a ter seus problemas no território europeu…
Aconteceu primeiramente na Holanda, cuja provável motivação foi o fato de um membro da Loja ter publicado uma pequena matéria sobre a Maçonaria no Jornal de Amsterdã.
A repercussão gerou um decreto do Magistrado de Amsterdã (e que pode ser encontrado no primeiro volume do Acta Historico-Ecclesiastica, publicado em Weimar, em 1736):
“O Magistrado de Amsterdã tomou conhecimento de que nesta cidade certas pessoas se encontram e se reúnem sob o pretexto de serem membros da chamada Sociedade de Franco-Maçons, e que ousam, por essa razão, começar esses conventículos e essas reuniões proibidas, e chegam mesmo a ajudar ou dispor de suas casas e estabelecimentos para realizar tais reuniões proibidas.
A autoridade suprema, a quem cabem o ônus e a segurança desta cidade e de seus habitantes, considera necessário e útil proibir rigorosamente a todos e a cada um daqueles que se encontram nessa cidade e sob sua jurisdição. Nós proibimos, por meio dessa Patente, a realização de qualquer dessas reuniões clandestinas sob o nome de Franco-Maçons, ou sob outro pretexto aparente, de ajudar ou mesmo alugar, como sedes dessas reuniões, suas casas, domicílios, celeiros, adegas ou outros lugares da casa, ou emprestá-los ou deixá-los empregar, sob pena de serem considerados rigorosamente perturbações da paz comum.”
Outra “proibição” aconteceu na Suíça, em Genebra. Segundo a “História da Franco-Maçonaria em Genebra” (F. Ruchon) o consistório da cidade se reuniu para comunicar “…que havia se formado em Genebra, há algum tempo, uma sociedade sob o título de maçons livres, cujos membros eram obrigados, em sua admissão, a pronunciar um juramento dos mais solenes a seu presidente, que residia em Londres, e guardar segredo sobre tudo o que se passava na assembléia.”
Na França não podia ser diferente. A propósito existem duas teorias acerca do aparecimento da Ordem naquele País. E o mais curioso, na minha opinião, é que nenhuma das duas tem relação com as Lojas Maçônicas Operativas. Elas até existiram por lá mas, ao que parece, elas não existiam mais naquela época.
Na primeira teoria a Ordem foi levada para lá através da Grande Loja da Inglaterra (que teria acontecido entre 1725 e 1729).
Na segunda, ela apareceu antes mesmo da fundação na Grande Loja da Inglaterra. Teria sido introduzia pelos partidários dos Stuarts, quando eles acompanharam a família real em seu primeiro exílio. A loja teria sido fundada em 1689.
Independente do motivo, a Ordem só veio a chamar a atenção do rei após vários de seus notáveis súditos virem a fazer parte. De acordo com o conselho do rei: “As assembleias numerosas jamais haviam sido compatíveis com o Estado; ao contrário, elas eram perigosas para ele, mesmo que fossem muito inocentes, em razão das consequências que poderiam resultar. Além do mais, todas as sociedades desse gênero eram ilícitas quando propagadas sem a autorização do Rei. Por isso, a boa ordem exigia a destruição da Franco-Maçonaria na França, como já havia sido feito na Holanda em 30 de novembro de 1735”. (Gründliche Nachricht von den Freymaurern).
***
No geral, na maioria dos casos (como no caso da Holanda e da Suíça) o que realmente imperava na motivação para proibir as Lojas de funcionarem era o fato dela ser secreta e do seu juramento.
Com relação ao Juramento, o problema não era apenas com relação a guardar os segredos. Era com relação as supostas punições que o membro (teoricamente) sofreria, caso os revelasse.
A suposta crueldade das punições fez com que muitas pessoas ficassem receosas. Aliás, até hoje isso ainda acontece. Vez ou outra algum site resolve escrever que os maçons terão seus pescoços e línguas cortadas se revelarem os “segredos” da Ordem.
Bem, da mesma forma que isso está bem LONGE de ser uma realidade hoje, também estava nos primeiros séculos da Maçonaria Moderna. Mas ok, antigamente era até aceitável que se ficasse com medo disso.
Mas, hoje em dia, isso é o mesmo que acreditar nos supostos rituais satânicos feitos em lojas maçônicas no qual todo ano você tem que sacrificar um membro da sua família (sem que ninguém desconfie).
Bem, logo depois desses primeiros conflitos surgiu a primeira condenação maçônica vinda da Igreja Católica. No próximo Post falaremos sobre isso. Até mais…

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