Maçonaria – As Primeiras Condenações
Dando sequência aos Posts, vamos falar hoje dos primeiros conflitos da Maçonaria após a Fundação da Maçonaria Moderna.
Curiosamente, esses primeiros conflitos não foram com as instituições religiosas, mas sim com os Estados.
No entanto, não se trataram de conflitos
que envolviam uma nação contra uma Maçonaria que tinha controle do
mundo. Na verdade, diferente do que muitos pensam, passou bem longe
disso.
Em virtude disso é importante
entendermos, antes de prosseguir, que a Maçonaria não era uma Ordem que
controlava os rumos da humanidade. Muito pelo contrário, ainda era uma
Ordem que acabava de ganhar sua primeira estrutura.
Devido aos
muitos mitos que tratam de uma suposta antiguidade da Maçonaria, é
difícil para muitos (Maçons e Não-Maçons) entender que a Ordem, no
século XVIII (pós 1717, data de fundação da Grande Loja) não era uma
organização mundial que governava os rumos da Humanidade.
Antes disso, ela tinha uma estrutura
diferente, cujo foco era a construção em si (como vimos no Post
“Maçonaria – Os Construtores Medievais”). Após a fundação da Primeira
Grande Loja, existiam ainda muitas outras Lojas Operativas (e que
continuaram a existir por um bom tempo).
Devido a essa pequena estrutura, que
começava a consolidar um “poder central”, era natural que seu
crescimento dependesse um pouco dos locais em que as Lojas pretendiam se
localizar.
Dessa forma, quando uma Loja surgia, era
apenas uma Loja com seus membros. Ou seja, qualquer conflito na cidade
em que ela estava localizada já poderia se tornar um grande problema,
afinal, não estamos falando de uma estrutura como a da Igreja Católica,
que era absurdamente enorme, quando comparado a essa estrutura Maçônica.
Estamos falando dessa estrutura bem menor. Pode ser até estranho para
aqueles que pensavam na Maçonaria como uma Ordem que vem dominando o
mundo desde o início da humanidade, mas essa é a verdade.
Inclusive, quando digo essas coisas
sempre tem alguém me perguntando: “Então você resume a Maçonaria a um
grupo social simples e sem nenhuma importância? Então a Ordem não teve
atuação em nada do que dizem por aí?”
Aproveito para responder que “NÃO”.
A história da Maçonaria é muito rica.
Ela teve uma importância enorme em vários movimentos no mundo. Teve
influência em movimentos e questões Sociais, Ideológicas/Revolucionárias
e até Espirituais (já que tivemos movimentos e Ordens Iniciáticas
fundadas por Maçons dos quais alguns acreditavam que a Maçonaria não
estava cumprindo o seu papel espiritual).
Além do mais, sua filosofia é belíssima e
riquíssima. Ao estudar a Filosofia Maçônica, contida nos Ritos
Maçônicos, temos um aprendizado praticamente imensurável e que
verdadeiramente permite um conhecimento muito amplo para aquele que está
disposto a estudar e tem a mente aberta.
Por fim, ainda existe a questão do
Misticismo, para aqueles que se interessam por isso. Eu sei que em posts
anteriores eu já deixei bem claro que as questões místico/ocultistas
são interpretações do Maçom que enxerga os símbolos, a filosofia e a
ritualística da Ordem, nesse sentido. Porém, para os que são assim, a
maçonaria tem mais esse caminho para ser explorado.
E eu poderia falar muito mais do que
isso, mas acho que já é suficiente. A “história milenar da maçonaria”,
como também já foi dito em outros posts, trata-se de “tradição” (e que
nem por isso deve ser deixada de lado). Mas enfim!
Onde Começou…
Logo nos primeiros anos, a Ordem começou a ter seus problemas no território europeu…
Aconteceu primeiramente na Holanda,
cuja provável motivação foi o fato de um membro da Loja ter publicado
uma pequena matéria sobre a Maçonaria no Jornal de Amsterdã.
A repercussão gerou um decreto do Magistrado de Amsterdã (e que pode ser encontrado no primeiro volume do Acta Historico-Ecclesiastica, publicado em Weimar, em 1736):
“O Magistrado de Amsterdã tomou
conhecimento de que nesta cidade certas pessoas se encontram e se reúnem
sob o pretexto de serem membros da chamada Sociedade de Franco-Maçons, e
que ousam, por essa razão, começar esses conventículos e essas reuniões
proibidas, e chegam mesmo a ajudar ou dispor de suas casas e
estabelecimentos para realizar tais reuniões proibidas.
A autoridade suprema, a quem cabem o
ônus e a segurança desta cidade e de seus habitantes, considera
necessário e útil proibir rigorosamente a todos e a cada um daqueles que
se encontram nessa cidade e sob sua jurisdição. Nós proibimos, por meio
dessa Patente, a realização de qualquer dessas reuniões clandestinas
sob o nome de Franco-Maçons, ou sob outro pretexto aparente, de ajudar
ou mesmo alugar, como sedes dessas reuniões, suas casas, domicílios,
celeiros, adegas ou outros lugares da casa, ou emprestá-los ou deixá-los
empregar, sob pena de serem considerados rigorosamente perturbações da
paz comum.”
Outra “proibição” aconteceu na Suíça,
em Genebra. Segundo a “História da Franco-Maçonaria em Genebra” (F.
Ruchon) o consistório da cidade se reuniu para comunicar “…que havia se
formado em Genebra, há algum tempo, uma sociedade sob o título de maçons
livres, cujos membros eram obrigados, em sua admissão, a pronunciar um
juramento dos mais solenes a seu presidente, que residia em Londres, e
guardar segredo sobre tudo o que se passava na assembléia.”
Na França não
podia ser diferente. A propósito existem duas teorias acerca do
aparecimento da Ordem naquele País. E o mais curioso, na minha opinião, é
que nenhuma das duas tem relação com as Lojas Maçônicas Operativas.
Elas até existiram por lá mas, ao que parece, elas não existiam mais
naquela época.
Na primeira teoria a Ordem foi levada para lá através da Grande Loja da Inglaterra (que teria acontecido entre 1725 e 1729).
Na segunda, ela apareceu antes mesmo da
fundação na Grande Loja da Inglaterra. Teria sido introduzia pelos
partidários dos Stuarts, quando eles acompanharam a família real em seu
primeiro exílio. A loja teria sido fundada em 1689.
Independente do motivo, a Ordem só veio a
chamar a atenção do rei após vários de seus notáveis súditos virem a
fazer parte. De acordo com o conselho do rei: “As assembleias numerosas
jamais haviam sido compatíveis com o Estado; ao contrário, elas eram
perigosas para ele, mesmo que fossem muito inocentes, em razão das
consequências que poderiam resultar. Além do mais, todas as sociedades
desse gênero eram ilícitas quando propagadas sem a autorização do Rei.
Por isso, a boa ordem exigia a destruição da Franco-Maçonaria na França,
como já havia sido feito na Holanda em 30 de novembro de 1735”. (Gründliche Nachricht von den Freymaurern).
***
No geral, na maioria dos casos (como no
caso da Holanda e da Suíça) o que realmente imperava na motivação para
proibir as Lojas de funcionarem era o fato dela ser secreta e do seu
juramento.
Com relação ao Juramento, o problema não
era apenas com relação a guardar os segredos. Era com relação as
supostas punições que o membro (teoricamente) sofreria, caso os
revelasse.
A suposta crueldade das punições fez com
que muitas pessoas ficassem receosas. Aliás, até hoje isso ainda
acontece. Vez ou outra algum site resolve escrever que os maçons terão
seus pescoços e línguas cortadas se revelarem os “segredos” da Ordem.
Bem, da mesma forma que isso está bem
LONGE de ser uma realidade hoje, também estava nos primeiros séculos da
Maçonaria Moderna. Mas ok, antigamente era até aceitável que se ficasse
com medo disso.
Mas, hoje em dia, isso é o mesmo que
acreditar nos supostos rituais satânicos feitos em lojas maçônicas no
qual todo ano você tem que sacrificar um membro da sua família (sem que
ninguém desconfie).
Bem, logo depois desses primeiros
conflitos surgiu a primeira condenação maçônica vinda da Igreja
Católica. No próximo Post falaremos sobre isso. Até mais…
Nenhum comentário:
Postar um comentário