Podemos definir como base para as doutrinas Herméticas, o “Corpus Hermeticum”, o “Caibalion”, a “Tábua de Esmeralda”, a obra “Theologia Platonica de Immortalitate Animorumos (de Marsílio Ficino), e os escritos de “Giordano Bruno”.
O Corpus Hermeticum é um conjunto de
tratados que se desenvolveu entre os séculos I e III (D.C). Boa parte
desses tratados vieram de uma transmissão oral (mas, não foram de vários
milênios antes de Cristo).
Por muito tempo (até a metade do século
XVI) se acreditou que esse material havia sido escrito em língua egípcia
(em uma época mais antiga) e, posteriormente, traduzido para o grego.
Hoje sabemos que isso não é verdade.
O conteúdo do Corpus Hermeticum tem por
base as escolas de pensamento gregas. Nesses tratados vemos muito pouca
coisa que poderia ser diretamente associado a Magia ou Ocultismo. Da
mesma forma que não encontramos nenhuma relação direta com nada que
tenha relação com os Mistérios Egípcios. Em contrapartida, encontramos
muito do pensamento filosófico grego como o platonismo e a teologia dos
estoicos. Além disso, seus vários tratados podem ser divididos em alguns
grupos, como os Filosóficos, Dualistas, Gnósticos e Místicos.
Essas são informações que nos mostram
que de egípcio o Corpus Hermeticum só tem a ambientação, e que, não só
os Tratados do Corpus Hermeticum não são da época do Antigo Egito, como
sua filosofia também não é.
Os tratados Herméticos eram em
quantidade muito maior do que o que temos acesso hoje em dia. Sabemos
disso devido a alguns fragmentos de textos que foram conservados e, por
existirem tratados (que não tivemos acesso) sendo citados em obras de
outros autores.
O Hermetismo só veio a ganhar a devida
importância no Século XV, quando Cósimo de Médici (um dos homens mais
ricos da Europa) designou um monge para encontrar manuscritos antigos.
Esse monge encontrou um Manuscrito do
Corpus Hermeticum (os Tratados do I ao XIV) na Macedônia. Esse material,
posteriormente, foi entregue a Marsílio Ficino para que este pudesse
traduzir do Grego para o Latim. A tradução teve fim em 1463 e a primeira
edição foi publicada em 1471.
O Corpus Hermeticum sempre teve tratados, mas foi a partir dessa época que passou a ser dividido em Capítulos.
Com relação ao Caibailion, que é outro
dos materiais mais conhecidos do Hermetismo, podemos dizer que,
juntamente com os escritos da Tábua da Esmeralda, ele é um material mais
voltado para o Hermetismo Popular (ou seja, para o universo magístico).
Ele foi publicado pela primeira vez em 1908, existindo algumas teorias sobre seu surgimento.
Uma delas afirma que ele foi sendo
transmitido por tradição oral, século após século. Outra delas diz que
foi escrito por três iniciados que afirmam ser essa a essência dos
ensinamentos de Hermes.
Por fim, existe a hipótese de que tenha
sido escrito por William Walker Atkinson, que foi um dos primeiros a
iniciar este movimento da “Lei da Atração” (obviamente, bem diferente de
abordagens como a de “O Segredo”).
O Caibalion (misticamente falando) contém sete grandes princípios das leis universais. São eles:
I- O Princípio do Mentalismo
II- O Princípio da Correspondência
III- O Princípio da Vibração
IV- O Princípio da Polaridade
V- O Princípio do Ritmo
VI- O Princípio da Causa e Efeito
VII- O princípio do Gênero
II- O Princípio da Correspondência
III- O Princípio da Vibração
IV- O Princípio da Polaridade
V- O Princípio do Ritmo
VI- O Princípio da Causa e Efeito
VII- O princípio do Gênero
No caso do Caibalion, é fácil sustentar
uma possível tradição oral, já que esses princípios realmente são
encontrados em diversas obras magísticas durante os séculos.
Já os escritos da Tábua de Esmeralda,
apareceram por volta do século VII. Entretanto, ela mesma nunca chegou a
aparecer, sendo então encarada como lenda. Como já era de se esperar,
seus escritos são atribuídos a Hermes, mas não há nada concreto que
possa realmente sustentar isso. No entanto, o que importa aqui é que
esses escritos apareceram nessa época, apesar de não ser possível dizer,
com precisão, quem foi que os escreveu (e qual foi a sua base para
tal).
Tais dizeres são axiomas que se tornaram
base para várias correntes iniciáticas e ocultistas, tomando aqui, como
definição de ocultismo, “o estudo dos efeitos metafísicos no plano
físico”, ou como você queira entender isso – lembrando que ocultismo
sempre foi algo de cunho “prático”.
Existe diferença de traduções,
dependendo de qual “versão” da Tábua de Esmeralda foi utilizada. A que
apresento, logo abaixo, é do século XII (mas não sei dizer se ela é a
mais utilizada – e nem se existe, de fato, uma que seja mais utilizada).
II – O que está embaixo é como o que
está em cima e o que está em cima é como o que está embaixo, para
realizar os milagres de uma única coisa;
III – E assim como todas as coisas vieram do Um, assim todas as coisas são únicas, por adaptação;
IV – O Sol é o pai, a Lua é a mãe, o vento o embalou em seu ventre, a Terra é sua alma;
V – O Pai de toda Telesma do mundo está nisto;
VI – Seu poder é pleno, se é convertido em Terra;
VII – Separarás a Terra do Fogo, o sutil do denso, suavemente e com grande perícia;
VIII – Sobe da Terra para o Céu e desce novamente à Terra, recolhendo a força das coisas superiores e inferiores;
IX – Desse modo obterás a glória do mundo;
X – E se afastarão de ti todas as trevas;
XI – Nisso consiste o verdadeiro poder: Vencerás todas as coisas sutis e penetrarás em tudo o que é sólido;
XII – Assim o mundo foi criado;
XIII – Esta é a fonte das admiráveis adaptações aqui indicadas;
XIV – Por esta razão fui chamado de Hermes Trismegistos, pois possuo as três partes da filosofia universal;
XV – O que eu disse sobre a Obra Solar está completo;
A “Theologia Platonica de Immortalitate
Animorum” também é um marco para o Hermetismo por ser uma obra que
concilia o platonismo com o cristianismo, através de uma suposta
tradição que teria sido iniciada por Hermes Trimegistus e que foi sendo
transmitida até Platão.
É nessa obra (1491) que o Hermetismo
pode ser visto com um olhar mais próximo da visão ocultista que temos do
Hermetismo, já que isso não acontecia no Corpus Hermeticum (que foi
traduzido por ele).
Não é possível dizer ao certo qual foi a
motivação de Marsílio ao apresentar um hermetismo com essa concepção
(já que, como já foi dito, o Corpus Hermeticum não tem esse propósito).
Um provável motivo é que ele tenha tido
contato com os escritos da Tábua de Esmeralda e tenha passado a encarar
algumas rápidas passagens do Corpus Hermeticum de forma magística. A
partir daí, ele teria desenvolvido essa concepção.
Pouco depois, tivemos também Giordano
Bruno, um homem sensacional que, em minha opinião, não é tratado (pelos
filósofos e ocultistas) com o valor que merece.
Ele chegou a ter a sua própria sociedade
secreta, a Giordanisti, que tratava de assuntos ligados a existência do
homem e do universo. Giordano costuma ser mais citado (com relação ao
Hermetismo) do que o próprio Marsílio Ficino. Isso é facilmente
compreensível se pensarmos que, como as ideias de Marsílio já tinham
sido desenvolvidas, foi mais fácil apresentar uma filosofia-ocultista
naquela época.
O mais importante de sua filosofia foi
apresentar novos fundamentos para uma novo (e possível) entendimento
místico da época. Suas obras podem ser utilizadas em ambos os caminhos
do Hermetismo.
Existem ainda outras obras posteriores
que podem ser apresentadas como “leitura hermética”, no entanto, eu não
as colocaria como parte dessa “leitura essencial”.
Importância para a Época
O Hermetismo teve seu desenvolvimento a
partir do Renascimento porque essa foi uma época que se caracterizava
pela busca de um “conhecimento da antiguidade”.
Hoje se sabe que, nessa época, por volta
do século XVI, o misticismo hermético (incluindo aqui a Cabala
Hermética) teve um papel muito importante, pois foi a partir dele que
uma forte visão ocultista foi inserida na Europa e passou a influenciar
diversos outros movimentos (incluindo aqui a Maçonaria) no século XVIII.
Tal movimento é conhecido hoje como a “Terceira Força”.
Esse foi um século decisivo para esse
despertar porque, com o Protestantismo e o Anglicanismo, a Igreja já
começava a perder o seu poder na Europa e, por mais que pessoas ainda
fossem para a fogueira, o cenário já era bem diferente do que aquele do
início da Idade Média Baixa.
Se tivemos uma época iluminista, com uma
Europa cheia de questões ocultistas, foi devido ao século XV e XVI
terem sido bem proveitosos nesse sentido. O Renascimento e o Humanismo
se encerravam tendo todas as bases necessárias para que surgissem, nos
séculos vindouros, todos os novos movimentos iniciáticos da história.
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